Festival Jota Vs ENPL? E porque não lado a lado?


Há momentos na nossa vida em que sentimos que toda a nossa formação e experiência são postas às prova. O nosso caminho chega a uma encruzilhada e temos de escolher qual caminho seguir.


Há uns tempos ouvi um jovem actor dizer que optou entre estudar o trabalho dos grandes mestres, dos grandes actores e realizadores e experimentar trabalhar com eles. Aprender deles aquilo que os livros não conseguem ensinar. Ele escolheu a segunda opção.


Costumo colocar as coisas nestes termos: Estar onde se faz história e com aqueles que a escrevem e não estar à espera que as coisas aconteçam para que alguém nos conte como foi.


É disso que se tem tratado a minha vida. Aos pouquinhos vou encontrando explicação para muitas coisas que me aconteceram e para muitas pessoas com quem me cruzei e a importância delas para o que faço hoje em dia. Os que se cruzam connosco deixam sempre um pouquinho de si mesmos e cabe-nos a difícil tarefa de saber onde e quando utilizar essas partilhas.

Penso muitas vezes que comecei algumas coisas em estilo de brincadeira e quando dei por ela já eram sérios compromissos na minha vida.

Pensar que apenas dirigi pela primeira vez uma missa de jovens animada com cânticos de inspiração cristã para pagar uma dívida de gratidão para com um grupo que aceitou o meu pedido de participar na celebração do dia da nossa padroeira. Esse cheque em branco que lhes passei valeu-me um ano de trabalho nessa dinamização, já que alguém me provocou dizendo que o trabalho empregue para essa missa não teria significado nenhum se não fosse reproduzido semanalmente. Como terminou o trabalho desse ano é outra história, mas fica marcado como o meu "curso intensivo" de música de inspiração cristã, a chamada "música de mensagem".

As diversas participações em celebrações com este género de participação foram me mantendo relativamente ligado a esta tendência e seguramente aberta a porta que me ligava aos jovens... gente de quem sempre andei tão desviado.

Todo este caminho que começou há 5 anos culminou num evento que não passou, seguramente, ao lado de ninguém neste país. Não posso dizer que participei no festival, se calhar nem conto para as estatísticas das 1800 pessoas que marcaram presença. Mas a ligação que mantive permitiu-me estar relativamente perto para sentir que foi algo importante para a diocese, para o país e claramente para a dinamização dos jovens do mundo, sejam católicos ou não.

Não podemos deixar de reparar que somos a única religião no mundo capaz de motivar e promover tais acontecimentos e acolher a pessoas de todo o lado como se vivessemos juntos desde sempre.

É verdade, eu não escondo de ninguém que não concordo com este tipo de música enquadrada num ambiente de celebração eucarística, em eu nem a mãe Igreja, mas num ambiente assim? Como não? É perfeito!!!

Afinal não somos tontos quando dizemos que devemos criar espaços para que os jovens se possam sentir bem e usar da "sua" música para nos encantar. E deixar a liturgia para os que a amam mais que tudo e que essa música então seja outra. Que compreendamos a diferença entre os espaços e a necessidade também de os distinguir pela sua solenidade ou jovialidade. E quem diz que a música litúrgica não é poderosa e animada?

Poucas pessoas puderam, como eu, viver estes dois mundos de uma forma tão consecutiva. No domingo estava no Festival, segunda-feira já estava em Fátima no Encontro de Liturgia.

Para uns podia significar ir ao inferno e voltar. Para outros, depois de uma guerra ir fazer uma lavagem ao cérebro e colocar as ideias novamente no lugar.

Para mim? Foi apenas aquilo em que eu acredito. Não me choca que se utilizem este tipo de músicas numa celebração se a justificação for esta: era o momento mais alto de um Festival e apenas quisemos oferecer-Lhe o que de melhor se tinha feito. Pode-se mesmo dizer que o grupo que animou a Eucaristia era um forte candidato a ocupar um lugar no cartaz dos concertos, tal era a sua qualidade. Foi um prazer enorme, acima de tudo uma honra, estar à frente de tão valoroso conjunto. Só prova que jovens de diferentes paróquias podem facilmente harmonizar-se em torno de um objectivo maior.

Mas ir para Fátima realmente, e não querendo ser ingrato, foi o momento alto. Foi a apoteose que o meu coração necessitava. A alegria imensa de reencontrar amigos que se juntam uma ou duas vezes por ano, estar junto d'Ela e tão mais pertinho d'Ele é o melhor que me pode acontecer todos os anos.

O tema deste ano também era suspeito demais: "A música na liturgia". Foi uma envolvência diferente, mas o mesmo entusiasmo e a mesma vontade de cantar de todo o coração os louvores de Deus a cada manhã e em cada fim de tarde e na hora maior dar-lhe graças na Eucaristia. Naquele memorial por Ele instituído para que sejamos um só corpo, um só espírito, uma só voz.




Estando lá, nos meus finais de noite (princípio de madrugada) depois do famoso chá de cevada que também imperou nas nossas noites, perguntava-me: não podem estes dois mundos conviver harmoniosamente, ou eram efeitos do famigerado "chá"?

Afinal, também lá no Encontro tinhamos jovens e eles cantavam música litúrgica, coisa que parece impossível para certas cordas vocais de alguns jovens que conheço que a apelidam de "ópera". Num universo de 1450 pessoas consegui ver de crianças de colo a pessoas já de idade avançada. O entusiasmo era o mesmo. Um encontro de gerações em torno de um amor comum: a Liturgia.

A possibilidade de estar junto dos compositores, beber da sua fonte, beber da mesma água e pisar o mesmo chão faz-nos querer tocar no mesmo céu em que eles tocam. Nós podemos ouvir falar muito de alguém, mas só vamos mesmo conhecê-la quando nos cruzamos com essa pessoa e vivemos os seus dias. E podemos optar por estudá-los através dos ensinamentos de alguém ou caminhar ao seu lado e saber in loco como eles são. Assim escrevemos timidamente, também nós, o nosso nome nas linhas que eles escrevem, pois somos fonte e matéria da sua vivência que mais tarde dará origem a novas composições.

A cada ano que passa sinto renovada a coragem para trabalhar para que a Liturgia seja mais respeitada e acima de tudo mais amada. Mas este ano sinto que contagiámos mais algumas pessoas. É na esperança de que a melhor "publicidade" de todas, o testemunho, dê muitos frutos que vou viver este ano. Um ano inteiro que parece tempo demais até que venha o próximo ENPL (26 a 30 de Julho de 2010). Mas no qual me comprometo a fazer de tudo para que a mensagem deste ano se cumpra, tanto na liturgia como nos movimentos de jovens: Cantar com Arte e com Alma!
Porque Deus não nos merece menos.



Comentários

Rita disse…
Fico muito feliz...*
Gostava de lá ter estado, mas sinto que o coração de todos ficou mais quentinho...e isso deixa-me em paz, a sorrir.
Um beijinho...*

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