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«Dar-me-ei a mim mesmo para vossa salvação»

      Com esta frase com que apresento este texto, podia começar a escrever sobre o próprio Jesus Cristo, ou sobre qualquer um dos grandes homens do nosso passado, mas não. Esta frase faz parte do lema que D. António Baltazar Marcelino, bispo emérito de Aveiro, falecido há duas semanas, escolheu para o seu pontificado na diocese pela qual confessou nutrir um «amor irreversível e incondicional».        Conheci o D. António quando tinha apenas 7 anos, pela ocasião de uma visita pastoral ao arciprestado de Aveiro, quando visitou a minha escola primária.       Não me recordo do que disse, mas lembro-me da sua figura marcante, sorridente, mas portentosa e com uma presença forte e que enchia a sala toda.         Voltei a cruzar-me com ele, poucos anos mais tarde, no arciprestado de Ílhavo, quando visitou a escola do ensino preparatório que eu frequentava e, desta vez, lembro-me de termos sido convidados a fazer uma pergunta ao senhor bispo e, tendo sido dos primeiros a ter oportun

Lost memories

Longe vão os tempos em que este era um espaço onde me “escondia” e desabafava o que me ia na alma... Há tanto tempo que não escrevo que já nem sei se me lembro como se faz... Em tempos este «blog» foi fiel ao nome que lhe dei: «um cantinho para contar qualquer coisa», onde deixava as minhas mágoas e tristezas, angústias e incertezas.... até que tudo isso começou a fazer parte de um passado cada vez mais longínquo e então fiz justiça à premonição que tive quando defini o endereço do «blog»: «memorias-perdidas». Este último muito inspirado no título que o James Horner deu a uma das últimas músicas da banda sonora do filme «Titanic» com o mesmo nome «lost memories». A sua melodia suave, quase “líquida”, faz-nos mergulhar num sossego profundo que nos traz recordações de tempos bons e menos bons, mas que são parte de uma história por nós escrita e que perdurará em nós como tesouro sem preço e ficará como herança para os que nos seguirem. Mas já passou, realmente, muito tempo desde que al

Somos herdeiros de Deus para toda a eternidade

Vivemos dias de entusiasmo porque mesmo aqui ao lado, o país vizinho, prepara-se para receber um acontecimento incontornável à escala global. O país dos Reis Católicos vai receber as Jornadas Mundiais da Juventude que são já para o ano e a Cruz das Jornadas, entregue aos jovens pelo Papa João Paulo II já se encontra em Portugal. São os dias da nossa vida. É a história a acontecer mesmo diante dos nossos olhos. Por estes dias viveu-se também em Fátima mais uma semana memorável. O Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica aconteceu pela 36ª vez consecutiva e certamente a julgar pelos últimos 14 anos, pela 36ª vez deixou saudades, inspirou corações, apaixonou pessoas, perfumou a alma daqueles que a ele se dirigem ansiando um pouco mais de proximidade com o que de melhor se faz em liturgia no nosso país. É uma semana de encontros particulares e colectivos com Deus, com Jesus Cristo e com a sua esposa que é a Igreja. Mas também nos encontramos com outros irmãos que buscam a mesma água que mat

«Não venci todas as vezes que lutei, mas perdi todas as vezes que deixei de lutar»

Nas últimas semanas, a frase que intitula este texto tem-me assaltado o pensamento... Não é pela descoberta da mesma e nem mesmo pela moral que a envolve... apenas porque me faz pensar nas lutas do dia-a-dia e nos projectos do futuro... e como cada vez as forças são menos para responder a todas as responsabilidades, temos de saber muito bem onde aplicar as energias e de que forma o fazemos. Quantas vezes partimos para algo com a sensação de que estamos a perder o nosso tempo? E depois ainda ouvimos conselhos/comentários que sustentam a mesma razão... mas por capricho ou por crença acabamos por investir tudo...? A verdade é que poucas são as coisas que tenham resultados absolutamente garantidos. E essas coisas nós não lhes damos atenção pois não nos provocam interesse... Por outro lado aquelas que têm insucesso praticamente garantido e provavelmente prejuízos, sejam eles leves ou não, motivam-nos de tal forma que nos empenhamos quase até à exaustão. Claro que ao longo do caminho temos d

Num caminho sem saída não se pode voltar atrás

Tenho lido tanta coisa desagradável, nos últimos tempos, na comunicação social que quase não dá vontade de ler nem ouvir mais notícias. O flagelo que cada vez mais atormenta a Igreja tornou-se regozijo de todos os que de fora criticam e se sentem justificados, como se de alguma forma quisessem que a Igreja pague por todo o mal que lhes acontece ou que existe no mundo. Ler os comentários feitos pelos que lêem os jornais na Internet provoca uma enorme revolta interior... principalmente por perceber que são feitos por pessoas que não têm Deus no seu coração. Uns vêm de peito feito afirmar com toda a certeza que Deus não existe, outros vêm pôr em causa a Sua existência baseando-se nos pecados dos homens... São pessoas sem qualquer rigor nem coerência e que vão com a moda. A moda dita que ter fé é característica de pessoas diminuídas, iletradas ou enjeitadas, mas esses colossos da sabedoria, gurus de trazer por casa, são, na sua maioria, pobres almas que pouco sucesso têm na vida e que não

O amor é eterno enquanto dura

Enquanto somos mais novos vivemos num dia as emoções de um ano. Somos capazes de nos apaixonarmos de manhã, casar à tarde e à noite já estar a pensar na vida e em tudo o que iremos perder por causa dessa paixão e todos os medos e incertezas levam-nos a querer terminar algo que nunca chegaremos a saber se teria futuro. Somos capazes de amar incondicionalmente alguém que nos deixou com o olhar preso num interminável pôr do sol enquanto caminha junto à praia num calmo fim de tarde numa praia quase deserta que acabará por receber-nos na encosta de uma duna no final da noite... Mas esses amores muitas vezes são destinados a ficar na areia dessas praias... são levados pelo enrolar das ondas e vivem para sempre no mar e estendem-se até ao horizonte para onde tantas vezes ficamos a olhar fixamente durante horas... Ninguém nasce verdadeiramente livre, pois acaba sempre por se aprisionar a um grande sonho ou a um grande amor. Faz dele o seu objectivo de vida mas condena-se a uma escravidão quase

Feliz Natal para todos vós

Nos tempos que correm, fala-se muito das alterações climáticas, do fim do mundo, da extinção da humanidade, da probabilidade de tudo aquilo que conhecemos desde sempre, assim como os nossos antepassados conheceram, deixar de existir... Depois, por outro lado, tão atordoados com tanta informação e tanta preocupação, não vemos o óbvio e passamos ao lado da grande salvação e continuamos a encarar o Natal como o “aniversário” de Jesus. Esquecemo-nos que Ele não nasceu há 2000 anos, existia já desde o princípio dos tempos. Apenas habitou entre nós, fez-se mortal para materializar a obra da salvação de Deus. No Advento, não preparamos a grande festa de aniversário do Senhor, antes a Sua última vinda. Aquela para a qual temos de estar preparados se realmente o anunciado fim se aproxima, caso as políticas mundiais e os comportamentos sociais não se alterem. Em cada ano, a Igreja chama-nos a preparar esse tempo. De diferentes formas, com campanhas ou temas distintos mas com um único só propósit